A previsão de aumento nas chuvas traz a expectativa de queda na conta de energia em diversas regiões do Brasil, beneficiando tanto consumidores quanto empresas do setor elétrico. Com a chegada da temporada de chuvas, o setor prevê uma diminuição nos preços de energia, impulsionada pelo aumento no volume dos reservatórios hidrelétricos. Em outubro de 2024, o consumo de energia elétrica aumentou 5,3% em comparação ao mesmo mês de 2023, com destaque para o crescimento no Sul, Norte e Nordeste.
As chuvas impactam diretamente a recuperação dos níveis de água nos reservatórios hidrelétricos, principalmente no Sudeste, onde a melhora se mostra mais significativa. Embora a região Norte ainda mantenha altos níveis de água, o cenário de recuperação indica que as chuvas podem estabilizar os reservatórios. Esse fator é crucial, pois a matriz energética brasileira depende majoritariamente da água, e a oferta de energia está ligada diretamente às condições climáticas e à disponibilidade hídrica.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a redução da bandeira tarifária para amarela a partir de novembro, oferecendo um alívio para os consumidores na conta de luz. Essa mudança ocorre como resposta às condições hidrológicas favoráveis, impulsionadas pelas chuvas que enchem os reservatórios e ajudam a reduzir os preços de energia elétrica, principalmente no mercado à vista. Com isso, os preços que estavam elevados devem se acomodar, aliviando os custos para consumidores residenciais e industriais.
Desafios para Empresas nos Preços de Energia
Embora a queda na conta de energia traga benefícios, nem todas as empresas do setor elétrico serão impactadas de maneira uniforme. Geradoras como Eletrobras e Copel, que possuem maior capacidade descontratada, podem enfrentar desafios caso a queda nos preços seja abrupta. Essa queda rápida pode pressionar as margens de lucro dessas empresas, dificultando o planejamento financeiro e a sustentabilidade das operações.
Em contrapartida, empresas com contratos mais robustos, como Engie e Cemig, estão em posição mais favorável para lidar com as flutuações do mercado. Além das condições hidrológicas, o cenário macroeconômico, como inflação e política monetária, também influencia o setor, afetando a disposição dos consumidores em pagar tarifas e os investimentos em infraestrutura energética, essenciais para a geração e distribuição de energia.
Os analistas da XP destacam que a regulação e as políticas tarifárias precisam ser acompanhadas de perto. Medidas voltadas para a eficiência energética e a diversificação da matriz podem oferecer impactos positivos no longo prazo, ajudando a mitigar os efeitos das oscilações climáticas e sazonais sobre a oferta de energia no país.
Investidores Aproveitam Queda na Conta
Com a diminuição na volatilidade dos preços à vista, investidores enxergam uma oportunidade no setor de energia. A taxa interna de retorno média do setor está em 11,6%, com empresas como Equatorial se destacando por sua resiliência e modelo de negócios robusto. A capacidade descontratada de energia, ou seja, aquela que ainda não foi vendida por meio de contratos, traz insights para o futuro das empresas no setor:
- Eletrobras (ELET3): Expõe-se ao mercado à vista, com capacidade descontratada passando de 11% em 2024 para 62% em 2027.
- Engie (EGIE3): Mantém baixo percentual descontratado até 2026, com aumento gradual.
- AES Brasil (AESB3) e Copel (CPLE6): Apresentam crescimento moderado na capacidade descontratada, o que pode influenciar suas posições no mercado.
- Auren (AURE3) e Cemig (CMIG4): Mantêm capacidade descontratada que pode afetar a vulnerabilidade em cenários de preços instáveis.
Queda na Conta com Bandeira Amarela
Em novembro, a bandeira tarifária mudará de vermelha, patamar 2, para amarela, reduzindo o custo de R$ 7,87 para R$ 1,88 a cada 100 kWh. Essa mudança beneficiará consumidores em todo o país, exceto em Roraima. A Aneel atribui essa decisão à melhora nas condições hidrológicas, impulsionada pela recuperação dos reservatórios. Embora o cenário seja positivo, o governo alerta que os níveis dos reservatórios ainda estão abaixo da média, exigindo geração termelétrica complementar.
Sandoval Araújo, diretor-geral da Aneel, ressalta a importância do uso consciente de energia:
“Permanece a vigilância quanto ao uso responsável da energia elétrica e a orientação da Agência Nacional de Energia Elétrica é que o consumidor utilize energia elétrica de forma consciente, uma vez que isso reduz os custos da energia elétrica e também, claro, é uma sinalização importante para a preservação do meio ambiente.”
O economista Cesar Bergo destaca que a bandeira amarela reduzirá os custos, beneficiando consumidores, empresas e impactando positivamente o IPCA. Desde abril de 2022, o sistema de bandeiras tarifárias tem refletido os custos da geração de energia. Dessa forma, considerando recursos hídricos, fontes renováveis e acionamento de termelétricas. A previsão de queda na conta de energia, portanto, sinaliza um cenário positivo para o consumidor e para o setor de utilities no Brasil.