Operação Patriot 2.0 em Massachusetts intensifica cerco a imigrantes brasileiros

A chamada Operação Patriot 2.0, lançada em 6 de setembro de 2025 pelo governo Donald Trump, colocou milhares de imigrantes em alerta no estado de Massachusetts.

O Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) e o Departamento de Segurança Interna (DHS) conduzem a ação. Eles consideram Massachusetts estratégico porque abriga a maior comunidade brasileira nos EUA, estimada em até 300 mil pessoas quando se incluem os não documentados.

Como funciona a Operação Patriot 2.0

De acordo com o DHS, a operação tem como objetivo principal prender e deportar imigrantes que vivem de forma irregular no país. O comunicado oficial foi direto: “Se você vier ilegalmente e violar nossas leis, nós vamos caçá-lo, prendê-lo e deportá-lo”.

Na prática, entretanto, relatos de comunidades locais indicam que não apenas criminosos estão sendo alvos, mas também trabalhadores comuns, estudantes e famílias sem histórico criminal. Essa percepção aumentou a sensação de medo e incerteza entre os brasileiros que vivem em cidades como Boston, Framingham, Lowell, Milford e Everett.

Impacto direto na comunidade brasileira

O estado de Massachusetts é conhecido por abrigar cidades-santuário, que se recusam a colaborar integralmente com operações federais contra imigrantes. Essa postura de prefeitos e autoridades estaduais, como a governadora Maura Healey e a prefeita de Boston, Michelle Wu, gerou embate político direto com a Casa Branca.

Enquanto o governo federal defende que as prisões são necessárias para garantir segurança, organizações de direitos civis afirmam que a ofensiva viola direitos constitucionais e cria um clima de perseguição. Como consequência, brasileiros têm evitado circular em áreas públicas, levar filhos à escola ou mesmo ir ao trabalho, com medo de serem abordados pelo ICE.

Números da operação e contexto nacional

Segundo o DHS, mais de 400 mil pessoas foram deportadas desde o retorno de Trump à presidência, em fevereiro de 2025. Deste total, quase 2 mil brasileiros já chegaram deportados ao Brasil em voos de repatriação.

Atualmente, os EUA mantêm cerca de 60 mil imigrantes detidos em centros de custódia, número recorde quando comparado aos 39 mil registrados no início do mandato. A meta do governo é atingir 3 mil detenções por dia, incluindo prisões em estados de alta concentração de imigrantes, como Massachusetts, Nova York e Califórnia.

Novas regras e polêmicas legais

Em setembro, a Suprema Corte dos EUA autorizou o governo a permitir que agentes façam abordagens com base em raça, idioma ou sotaque. Essa decisão ampliou o receio da comunidade brasileira, já que falar português em público pode ser suficiente para levantar suspeitas.

Além disso, voluntários e organizações locais relatam que agentes muitas vezes atuam sem mandados judiciais, detendo pessoas em locais públicos, estacionamentos ou áreas residenciais. A rapidez das ações e a dificuldade de contato com familiares aumentam o drama de quem é levado para centros de detenção.

Consequências sociais e econômicas

A operação não afeta apenas a rotina das famílias, mas também a economia local. Pequenos negócios de imigrantes — como restaurantes, padarias e mercados brasileiros — têm registrado queda no movimento. Muitos trabalhadores estão deixando de sair de casa por medo, o que prejudica a renda e a circulação econômica da comunidade.

Ao mesmo tempo, entidades de apoio, como redes de voluntários e organizações comunitárias, intensificaram a orientação legal e a oferta de suporte, tentando reduzir os impactos imediatos da operação sobre os imigrantes.