Acúmulo de Resíduos no Rio Tietê Ameaça o Ecossistema
Após fortes chuvas que elevaram drasticamente o nível do Rio Tietê em Salto (SP), uma grande quantidade de lixo ficou retida próximo ao Museu da Usina de Lavras, dentro do Complexo Turístico da Cachoeira. O Parque das Lavras, um dos pontos mais críticos, sofre com o acúmulo de resíduos descartados ao longo do rio, agravando o impacto ambiental.
Na segunda-feira (3), a Defesa Civil registrou uma vazão de 1.000 metros cúbicos por segundo. No dia seguinte, o volume caiu para 704 metros cúbicos por segundo, ainda três vezes acima do normal. Em períodos sem chuva, a vazão média fica entre 170 e 200 metros cúbicos por segundo.
Plástico e Outros Resíduos: Uma Ameaça Persistente
Garrafas PET, isopor e diversos outros resíduos plásticos ultrapassaram barreiras de contenção e ficaram presos nas margens do rio. Especialistas explicam que esses materiais são levados pelas enchentes na bacia do Alto Tietê, que abrange a Região Metropolitana de São Paulo e cidades como Caieiras e Cajamar.
“Quando o nível da água baixa, o lixo fica retido em Salto. O volume de resíduos é preocupante e deveria ser controlado nas cidades da Grande São Paulo, antes de alcançar o rio. Além disso, há uma responsabilidade pós-consumo, pois muitos desses materiais poderiam ser recicláveis ou reutilizáveis, em vez de descartáveis”, afirma Malu Ribeiro, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica.
Poluição Difusa e Seus Impactos
![Imagens mostram grande volume de lixo depois das chuvas no Rio Tietê, em Salto (SP) — Foto: Reprodução/Daniel Santos](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/s_OR547rIzDpN-dYIZUcwe3F7OE%3D/0x0%3A780x638/984x0/smart/filters%3Astrip_icc%28%29/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/c/T/UAvZysQMOwRqyuH9JKdQ/imagem-salto.jpg?resize=984%2C805&ssl=1)
Grande parte dos resíduos acumulados no Rio Tietê é composta por embalagens plásticas de baixo reaproveitamento, um problema classificado como poluição difusa. Esse tipo de poluição não vem diretamente do esgoto, mas pode causar danos severos à fauna, à flora e à população.
“O plástico pode permanecer no meio ambiente por séculos. Hoje, já encontramos microplásticos no organismo de peixes e plantas. O isopor, por exemplo, tem um baixo valor de reciclagem e ainda é tóxico, pois deriva do petróleo. Esse acúmulo de resíduos prejudica a qualidade da água e pode representar riscos de contaminação para as pessoas e a vida aquática”, alerta Malu.
Salto Assume Custos Elevados pela Limpeza do Rio Tietê
Apesar de a maior parte do lixo que se acumula em Salto ter origem em outras cidades, o município é responsável pela limpeza e destinação dos resíduos para aterros sanitários.
“Isso gera um custo elevado e reduz a vida útil do aterro sanitário. Salto possui uma cooperativa de reciclagem, mas acaba sendo obrigada a lidar com toneladas de lixo que deveriam ser reaproveitadas. O que aparece na superfície do rio após as chuvas é apenas uma parte do problema. Esse material se acumula ao longo de todo o ano e impacta diretamente o ecossistema”, destaca Malu.
Redução do Uso de Plástico: Uma Solução Urgente
Para especialistas, a redução do plástico descartável no Brasil seria contudo, uma das medidas mais eficazes para minimizar a poluição dos rios.
“Muitos países já proibiram o uso de plástico descartável, mas, no Brasil, a produção continua crescendo devido à força da indústria do plástico. Precisamos combater essa questão na raiz, incentivando materiais recicláveis e garantindo que a reciclagem seja implementada em todas as cidades. Temos uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas sua aplicação ainda é falha. O descarte irregular de lixo precisa ser erradicado”, reforça Malu.
No final do ano passado, imagens aéreas mostraram uma correnteza de lixo descendo pelo Rio Tietê após fortes chuvas no interior de São Paulo.
“O rio é o reflexo do nosso descaso. A cada enchente, fica evidente a falta de uma gestão eficiente para os resíduos sólidos”, finaliza a ambientalista.
Rio Tietê: Extensão e Importância para São Paulo
Segundo o Parque Ecológico do Tietê, o rio nasce em Salesópolis, na Serra do Mar, e deságua no Rio Paraná, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com 1.100 km de extensão, atravessa portanto, o estado de leste a oeste e tem grande influência na geografia da capital paulista.
O Rio Tietê passa por 62 municípios e faz parte de seis sub-bacias hidrográficas: Alto Tietê, Piracicaba, Sorocaba/Médio Tietê, Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê. Historicamente no entanto, foi essencial para o desenvolvimento de diversas cidades ao longo de seu percurso.
A crise do Rio Tietê evidencia a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes para a gestão de resíduos e a preservação ambiental. Enquanto não houver mudanças estruturais, cidades como Salto continuarão pagando o preço da poluição gerada em outras regiões.
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